Livio Oricchio

Negrão é quinto e Nasr sexto na GP2, em Monza
Comentários Comente

Livio Oricchio

06/IX/14

Monza, Itália

André Negrão, da equipe Arden, conquistou neste sábado, em Monza, seu melhor resultado até agora na temporada de estreia na GP2 ao terminar a primeira corrida do GP da Itália em convincente quinta colocação, depois de largar em nono. E Felipe Nasr, da Carlin, reduziu 2 pontos a diferença que o separa do líder da GP2, o inglês Jolyon Palmer, da DAMS, com o sexto lugar neste sábado.

Palmer foi oitavo. Mas disputou prova espetacular. Havia sido quarto na classificação, mas por não ter um litro de gasolina no tanque, como manda a regra, foi punido e teve de largar em último. Agora, restando a corrida de amanhã e as duas na Rússia e Abu Dabi, também preliminares da F1, Palmer soma 216 pontos diante de 186 de Nasr.

Quem se aproximou bastante de ambos foi o belga Stoffel Vandoorne, da ART, vencedor da prova de Monza, seguido pelo francês Arthur Pic, da Campos, segundo, e do neozelandês Mitch Evans, do Russian Time, terceiro. Vandoorne, da academia da McLaren, tem agora 164 pontos, 22 a menos de Nasr.

Os brasileiros falaram da corrida. ''Eu disse que daria para somas uns pontinhos, ontem, depois da classificação, mas deu para ganhar uns pontões'', afirmou Negrão enquanto era cumprimentado por seu engenheiro. Foi a terceira prova seguida que marcou pontos. Em Spa-Francorchamps terminou a primeira corrida em nono e a segunda em oitavo.

''Meu carro estava muito bom e eu mais consistente. Ter ultrapassado o Daniel ABT (piloto alemão da Hilmer) foi importante, por poder abrir, depois, grande vantagem'', disse Negrão. A respeito de começar a obter resultados, comentou: ''Meu ritmo melhorou, passou a variar pouco, resultado do aumento da confiança no carro, em mim, e de minha maior compreensão de como usar os pneus. Eles se degradavam rápido antes.''

Negrão começou a entender o que a F1 e a GP2 desejam com os pneus produzidos pela Pirelli, com desgaste bem mais rápido do que estava acostumado na F Renault 3.5. Lá o conceito é outro. A categoria corre com Michelin e o promotor quer que o piloto acelere tudo do começo ao fim da corrida. Daí a dificuldade de quem se transfere da F Renault 3.5 para a GP2.

Com o critério do grid invertido dentre os oito primeiros, Negrão vai largar amanhã em quarto. ''Dá para sonhar mais alto, agora. Andar no bloco da frente representa outro mundo, você passa a ser mais respeitado, dentro e fora da pista.''

O problema de Nasr foi na largada. ''Fiquei preso atrás de carros mais lentos, o que acabou por comprometer minha corrida. Meu carro estava rápido. E depois não sei o que aconteceu no meu pit stop, pois perdi duas posições'', disse o jovem de 22 anos de Brasília, já piloto de testes da Williams. ''Mas corrida é isso'', comentou. Lamentou ter perdido a chance de reduzir bem mais pontos para Palmer.

E para complicar, amanhã, por ter sido oitavo neste sábado, o líder do campeonato vai largar em primeiro. Nasr sai na segunda fila, em terceiro.

A largada da segunda corrida da GP2 será às 5h35 de Brasília, 10h35 em Monza, e terá 21 voltas ou 45 minutos.


Brasileiros largam em oitavo e décimo na GP2, em Monza
Comentários Comente

Livio Oricchio

05/IX/14

Monza, Itália

Os dois pilotos brasileiros que disputam a GP2 tiveram emoções distintas, nesta sexta-feira, em Monza, na definição do grid da primeira corrida do GP da Itália, amanhã. Felipe Nasr, vice-líder do campeonato, da equipe Carlin, obteve apenas o oitavo tempo, enquanto o líder, o inglês Jolyon Palmer, da DAMS, larga na quarta colocação.

Nasr esperava largar na frente do filho de Jonathan Palmer, ex-piloto de F1, para ser menos difícil a tarefa de diminuir a diferença de pontos que o separam. Palmer soma depois de 16 corridas, 8 etapas, 210 pontos enquanto Nasr, 178.

O outro piloto brasileiro, André Negrão, da Arden, celebrou a décima colocação no grid, a melhor da temporada de estreia na GP2 até agora. Depois de somar pontos pela primeira vez nas duas últimas provas, no circuito Spa-Francorchamps, nono e oitavo, agora já começa a ficar entre os dez primeiros no grid. É um piloto em evolução.

''Se tivesse pegado o vácuo de alguém, como conseguiu o Vandoorne, eu poderia estar mais na frente no grid. As diferenças são mínimas'', disse Negrão. ''É realista marcar pontos de novo.'' O pole position é o belga Stoffel Vandoorne, da ART, com o tempo de 1min31s707, média de 227,4 km/h. Nasr ficou a 606 milésimos de Vandoorne e Negrão, a 647. Vandoorne ocupa o terceiro lugar no campeonato, com 139 pontos. Assim como Nasr faz parte da equipe Williams de F1, como terceiro piloto, Vandoorne é da escola McLaren.

O tempo do 22.º no grid, o espanhol Sergio Canamasas, da Trident, é apenas 917 milésimos pior que o do pole position, para se ter uma ideia da competitividade da GP2 nos 5.793 metros de Monza.

A largada da primeira corrida da GP2 em Monza, disputada em 30 voltas ou uma hora, será às 10h40, horário de Brasília. A segunda corrida será domingo, às 5h35, também de Brasília, em 21 voltas.

O grid desta prova é formado pela inversão dos oito primeiros colocados na corrida de amanhã. O vencedor larga em oitavo, o segundo colocado em sétimo e assim por diante. Do nono lugar para trás vale a classificação obtida na corrida como a do grid da segunda largada.


Mario Andretti: “Se Mercedes não for campeã seus diretores vão se matar”.
Comentários Comente

Livio Oricchio

05/IX/13

Monza, Itália

Pense na corrida mais famosa do mundo, as 500 Milhas de Indianápolis. A categoria de maior prestígio, a Fórmula 1. Outra competição de monopostos repeitada e desafiadora, a Fórmula Indy. Mais: uma prova com carros de Endurance famosíssima, 24 Horas de Daytona. Seguindo: a disputa esportiva que reúne maior público no planeta, a Nascar norte-americana.

E se existisse um piloto vencedor em todos esses eventos? Seria, então, um superpiloto eclético, não? E não é que ele existe? Nesta quinta-feira, no circuito de Monza, o UOL Esporte conversou com exclusividade com o italiano de nascimento, norte-americano por opção, Mario Andretti, 74 anos de velocidade nas veias!

Os italianos o chamam de ''Piedone'', ou pé pesado. Os norte-americanos lhe deram o título de piloto do ano em três décadas distintas, em 1967, 1978 e 1984, para se ter uma ideia da longevidade da eficiência de Andretti.

''Eu amava pilotar, é isso'', disse, rindo, ao UOL. ''Eram raros os fins de semana em que não estava na pista. Não descansava nunca.'' Mas apenas participar não é garantia de sucesso. Andretti competia e em 109 ocasiões, por onde passou, venceu.

''Meu objetivo nunca foi apenas ser veloz. Procurava entender o funcionamento de cada carro que pilotava, e em razão de correr em tantos eventos suas características eram bem distintas. Amava descobrir como conduzi-los de maneira a tirar sempre o máximo'', explica Andretti.

Essa paixão associada à capacidade notável de tirar velocidade de qualquer veículo, no nível máximo, como disse, o levou a ganhar as 500 Milhas de Indianápolis em 1969, vencer quatro campeonatos da Indy, tornar-se campeão do mundo na Fórmula 1 pela Lotus, em 1978, celebrar a vitória nas 24 Horas de Daytona, em 1972, e na Daytona 500 da Nascar,em 1967.

Sempre acessível, está em Monza para promover o GP dos EUA de Fórmula 1, em Austin, no Texas. Entregou o conhecido chapéu texano aos pilotos da Red Bull, Sebastian Vettel e Daniel Ricciardo, e os entrevistou para chamar os norte-americanos para a 17.ª etapa do campeonato, dia 2 de novembro. ''Se você fizer uma pesquisa entre os pilotos verá que a corrida de Austin é favorita da grande maioria'', disse-lhe Ricciardo.

Sobre o presente, Andretti comentou estar se divertindo. ''Quando vi a mudança do regulamento da F1 para este ano, temi que seria um campeonato sem emoção. Graças a Deus Nico Rosberg e Lewis Hamilton estão no mesmo nível de performance, esses dois galinhos têm nos dado corridas divertidas.''

O norte-americano acredita que depois da bronca conjunta da direção da equipe Mercedes, após o GP da Bélgica, os dois não vão se eliminar de novo das provas. No circuito Spa-Francorchamps, dia 24, Rosberg tocou o aerofólio dianteiro no pneu traseiro esquerdo de Hamilton, comprometendo o resultado do time. O inglês abandonou mais tarde e Rosberg ficou em segundo.

''Eles estão agora sob severa vigilância. Imagina a responsabilidade dos homens da Mercedes. Suponha que seus pilotos se eliminem e, no final, Ricciardo conquiste o título. Eles vão se matar'', falou Andretti, rindo. Trata-se de uma situação pouco provável de ocorrer, mas não impossível, com o critério de pontos em dobro na 19.ª etapa e última, em Abu Dabi, dia 23 de novembro.

Hoje, depois de 12 etapas, Rosberg lidera com 220 pontos, seguido por Hamilton, 191, e Ricciardo, terceiro, 156. Cada vitória garante 25 pontos ao vencedor. Ricciardo está 35 pontos atrás, apenas, de Hamilton. Pelo critério de pontos em dobro, o vice-campeonato, hoje, seria matematicamente possível.

Apesar de o regulamento deste ano surpreendentemente estar gerando provas emocionantes, na opinião de Andretti, o Piedone não concorda com vários de seus pontos. ''Tome como exemplo a corrida aqui de Monza, domingo. Se não tivermos um safety car, os pilotos terão de administrar o consumo de gasolina. Não dá para disputar a prova com 100 quilos de combustível e tirar tudo do carro o tempo todo.''

Esse modelo não é o que a F1 adotou na maior parte de sua história, lembra. ''Defendo que na F1 o piloto possa exigir o máximo a corrida inteira, o que não será o caso aqui.'' Mas essa limitação não o impede de sonhar. ''Adoraria pilotar um desses carros de hoje, descobrir o que é essa tecnologia, a interatividade exigida. Sempre me interessei em pilotar a última palavra em automóveis de competição.''

É um fã de alguns campeões da atual geração. ''Não entendo não o colocarem dentre os maiores que competiam em outras épocas. Fernando Alonso, Lewis Hamilton, Sebastian Vettel, por exemplo, são tão brilhantes quanto os grandes de outras eras.''

Dentre as grandes satisfações obtidas no automobilismo Andretti destaca o fato de ter gerado descendentes apaixonados por velocidade. O filho, Michael, foi campeão da Indy, em 1991, e tem equipe na categoria, Andretti Motosport, onde corre seu filho, Marco, neto de Mario Andretti. Em 2006, Marco foi segundo nas 500 Milhas de Indianápolis e em 2010 e este ano, terceiro. Na temporada passada Marco terminou o campeonato em quinto.

''É uma imensa alegria ver meus descendentes na pista, com a minha mesma paixão'', afirma Mario.


Livres para duelar, mas é pouco provável que não voltem a se tocar
Comentários Comente

Livio Oricchio

29/VIII/14

Nice, França

A liberdade para seguirem competindo sem ordens de equipe lhes foi ratificada hoje, na reunião da Mercedes, na sede da equipe, em Brackley, Inglaterra. Resta saber se Nico Rosberg e Lewis Hamilton vão saber preservá-la. Parece pouco provável.

Por exemplo já na próxima etapa do campeonato, o GP da Itália, dia 7, quando as características de alta velocidade do lendário Circuito de Monza sugerem que a luta pela vitória pode se limitar aos dois.

Nesta sexta-feira, Rosberg, Hamilton, os pilotos da Mercedes, Toto Wolff, diretor geral, e Paddy Lowe, diretor técnico, reuniram-se, novamente, para discutir quais medidas tomar depois de o time ver a possibilidade elevada de uma dobradinha no GP da Bélgica, domingo, voar pelos ares após toque do aerofólio dianteiro do carro do alemão no pneu traseiro esquerdo de Hamilton.

A definição mais importantes a que chegaram foi: os dois pilotos estão livres para continuar lutando por tudo, pole position e vitória, sem, a princípio, a interferência da equipe. Restam com o GP da Itália sete provas para o fim do campeonato.

Agora, Wolff afirmou também: ''Deixamos claro que um novo acidente nós não iremos tolerar''.

É uma postura corajosa da Mercedes e digna de cumprimento dos apaixonados por F1, pelo esporte de modo geral. No texto distribuído pela equipe, há: ''A Mercedes seguirá promovendo corridas justas por ser a maneira correta de se vencer os campeonatos mundiais. É bom para o time, para os fãs e para a Fórmula 1''.

Na pesquisa de opinião da Mercedes, através do Twitter e Facebook, dentre os 20 mil que votaram, nada menos de 92% escolheram que Rosberg e Hamilton deveriam seguir livres para digladiar. Apenas 8% defenderam ordens da direção na disputa.

Mais calmos, mudaram o discurso

A ira de Wolff e Niki Lauda, outro diretor da Mercedes, no paddock da pista de Spa, era evidente. Esperava-se que depois de verem Rosberg arriscar tudo na ultrapassagem a Hamilton, ainda na segunda volta, comprometendo o resultado de ambos, a Mercedes fosse adotar ordens de equipe.

Não é o que diz o texto que chegou à mídia nesta sexta-feira. Mas Rosberg recebeu sansões disciplinares, sem que fossem especificadas, além de reconhecer sua responsabilidade no acidente.

Não foi uma ação deliberada, mas ousada demais, potencialmente capaz de excluir os dois da prova. Hamilton não marcou pontos e Rosberg, acabou em segundo.

Na pista onde o modelo W05 Hybrid da Mercedes parecia dispor de maior vantagem técnica, a escuderia saiu da Bélgica com apenas 18 dos 43 pontos prováveis, decorrentes de esperada dobradinha (25 para o vencedor e 18 para o segundo colocado). Venceu Daniel Ricciardo, da Red Bull-Renault.

Toques nas frenagens, comuns em Monza

As 53 voltas mais rápidas do calendário, dia 7, nos 5.793 metros de Monza, onde esperam-se velocidades acima dos 370 km/h, são, desde já, um grande atrativo para quem gosta de F1.

Diante do que as 12 etapas até agora realizadas exibiram, faz todo sentido a torcida esperar que Rosberg e Hamilton surjam disputando a freada na estreita Variante del Rettilifo, a primeira depois da reta dos boxes. Ou mais para a frente no traçado a Variante della Roggia, com saída ainda mais apertada.

Em Monza, as elevadas velocidades geram muito vácuo, o que facilita as ultrapassagens, já potencializadas com o flap móvel (DRS). É comum carros de desempenho semelhante, como os dois que a Mercedes disponibiliza a Rosberg e Hamilton, competirem sempre muito próximos. Tudo indica que será um desafio para Rosberg e Hamilton não se envolverem em novo incidente.

O inglês campeão do mundo de 2008, pela McLaren-Mercedes, sabe não ter mais tempo a perder. Precisa desde já começar a reduzir a diferença que o separa de Rosberg na classificação. O alemão soma 220 pontos e Hamilton, 191. A essa altura, 29 pontos representam muito.

Hamilton vai para o ataque

É desconhecida a punição disciplinar a Rosberg. É provável que Hamilton vá procurar explorá-la. Sabe que o alemão terá de ser contido no caso de uma investida para ultrapassá-lo. Rosberg não deverá expor ambos a novo acidente. Hamilton pode partir mais para o ataque. Nesse sentido a vantagem é sua.

Já o alemão, com sua inteligência privilegiada, embora seja menos talentoso de Hamilton, sabe que o equilíbrio emocional está longe de ser o ponto forte do inglês. Ao provocar o seu ''acidente'' na classificação, em Mônaco, que lhe garantiu a pole position e a vitória no domingo, Rosberg continuou capitalizando ainda em Montreal, duas semanas mais tarde.

Hamilton abandonou o GP do Canadá por expor os freios a esforços além dos permitidos, por correr bom tempo próximo demais de Rosberg, na tentativa de assumir a liderança da prova.

O resultado da reunião de hoje da Mercedes, além de surpreendente, não poderia ser melhor para o espetáculo. Há uma frase no comunicado que sugere até certa inocência, pelo que mostram os antecedentes da F1, o que é bom para esquentar a disputa. Depois de Wolff afirmar: ''Deixamos claro que um novo acidente nós não iremos tolerar'', emendou com: ''Nico e Lewis são nossos pilotos e nós acreditamos neles''.

Será histórico se a simples ameaça de intervenção da equipe nessa guerra servir como um verdadeiro freio na ambição desmedida de ambos, bem como se mostrar capaz de evitar novos incidentes.

As chances de Wolff chamar Rosberg e Hamilton para um nova conversa e estabelecer limites severos aos dois são maiores do que a F1 assistir a comportamentos de lisura exemplar da dupla da Mercedes até a definição do campeão.


Análise e notas dos pilotos no GP da Bélgica
Comentários Comente

Livio Oricchio

26/VIII/14

Nice, França

Daniel Riccardo – 10
Red Bull-Renault, vencedor
Os números nem sempre expressam a realidade. Mas depois de 12 etapas disputadas, têm já alguma representatividade. E Ricciardo venceu três etapas, Canadá e as duas últimas, Hungria e Bélgica, além de ter três outros pódios.

Em seis provas, portanto, metade das realizadas, esse jovem de 25 anos pela primeira vez numa equipe potencialmente vencedora, estabelece números que, se comparados com o companheiro, ninguém menos de o tetracampeão do mundo, Sebastian Vettel, supervalorizam o seu trabalho.

Vettel teve mais problemas técnicos que Ricciardo até agora, inquestionável, mas essa diferença expressiva de produção não pode ser justificada apenas com esse fator, o acaso. O máximo que Vettel conseguiu foi chegar em terceiro duas vezes, Malásia e Canadá. Por essa razão é apenas o sexto no Mundial, com 98 pontos, diante de 156 de Ricciardo, terceiro.

Os últimos boxes velhos do Circuito Spa-Francorchamps, ainda usados pela GP2, localizam-se na altura do início da Eau Rouge, a primeira curva, levemente à esquerda, posicionada no fim de uma longa reta em acentuado declive. Logo em seguida à Eau Rouge a topografia do sítio eleva uma parede, que as imagens de TV não deixam claro. É a Raidillon, curva à direita, contornada a mais ou menos 270 km/h, na chuva, no último fim de semana.

Quem escolhe aquele ponto para ver os treinos, o último box dessa série mais antiga, tem uma visão extraordinária das duas curvas, Eau Rouge e Raidillon. Os credenciados ficam realmente próximos da passagem dos carros.

É possível ainda hoje ver fotos dos modelos RB10-Renault de Ricciardo e Vettel nos dias do GP. O aerofólio traseiro é anormalmente reduzido para um traçado onde a velocidade máxima é importante, mas a geração de pressão aerodinâmica também. A possibilidade de Ricciardo e Vettel perderem o controle do carro nesse ponto era bem maior que para todos os demais competidores.

Ver Ricciardo percorrer a Eau Rouge e a Raidillon representa a execução de uma obra de arte, para quem aprecia verificar o desempenho dos pilotos bem próximo da pista. Esse australiano não tem apenas coragem, mas técnica.

A Red Bull apostou na geração de pressão através do assolho do carro, principalmente, o mais eficiente da F1, e retirou a carga dos aerofólios para ganhar velocidade nas retas. Deu certo em Spa. Veremos em Monza.

Os resultados de Ricciardo são o fruto de uma ação pensada em que nenhum detalhe escapa. Os campeões são assim. É por isso que na F1 já o veem como um futuro campeão do mundo. A maior revelação da temporada. E uma imensa satisfação para quem ama esse negócio chamado corrida de carro no mais alto grau.

Na classificação, sábado, perdeu tempo na melhor volta, na pista molhada, e obteve a quinta melhor marca. Vettel foi terceiro. No domingo, Ricciardo aproveitou a chance que tinha, proveniente do canibalismo dos pilotos da Mercedes, e sem um único erro venceu.

Foi a primeira vez que Ricciardo liderou uma prova quase do início ao fim. Nas duas outras vitórias ele veio crescendo na classificação e apenas no final assumiu o primeiro lugar. Na Bélgica o australiano mostrou ser eficaz, e muito, também quando se torna líder logo na segunda volta. São desafios distintos.

Não há como não atribuir nota máxima a Ricciardo.

Nico Rosberg – 4
2.º colocado, Mercedes
Ninguém acredita que a ação de furar o pneu de Lewis Hamilton foi deliberada, como o ''erro'' na classificação do GP de Mônaco. Mas envolveu-se num acidente com o companheiro ainda na segunda volta, um tanto desconcertado por ter perdido a liderança para o inglês na largada (Rosberg era o pole e Hamilton o segundo) e na ânsia de ultrapassá-lo se colocou de forma a expor ambos a riscos enormes de toques.

E se ocorresse, jogaria fora a vitória mais certa da Mercedes na temporada. O modelo W05 Hybrid era muito mais veloz que todos os demais. A inconsequência de Rosberg, de tentar a qualquer preço se posicionar de modo a poder ultrapassar Hamilton, custou a Mercedes, muito provavelmente, a sétima dobradinha do ano, em 12 etapas.

Pior que isso foi Toto Wolff e Niki Lauda verem que, agora, Ricciardo soma 156 pontos, ou seja, 35 a menos, somente, que Hamilton. A liderança de Rosberg não parece ameaçada, a não ser que a dupla da Mercedes resolva se aniquilar de novo, pois soma 220 pontos.

Coloque-se na posição de Wolff e Lauda. A montadora, a diretoria da empresa, aprova orçamento milionário, 200 milhões de euros, para a Mercedes fazer sucesso na F1 e capitalizar com isso. A área técnica desenvolve um trabalho excepcional, um carro bastante superior a todos os demais, a ponto de Red Bull, Williams e Ferrari, por exemplo, poderem vencer apenas se a Mercedes enfrentar alguma dificuldade.

E, de repente, a vice-liderança do campeonato passa a ser ameaçada por Ricciardo. O diagnóstico de quem manda de verdade na Mercedes, no grupo industrial, é um só: o problema é de gerenciamento, não técnico.

É por isso que o ato impensado de Rosberg, de atacar sem medida Hamilton, sabendo qual poderia ser o desfecho da história, é grave. As chances de choque com a manobra eram enormes. O alemão não levou em conta. E não foi por falta de aviso. Ele mesmo explicou que depois do GP da Hungria todos tiveram várias discussões a respeito desses confrontos na pista. E, essencialmente, o que fazer para evitar toques.

Rosberg disputa temporada muito acima do que poderia se esperar. Sabia-se que era um piloto capaz, mas não tanto. Está vencendo um supertalento, Hamilton. A não ser em Mônaco, em que manchou seu ano, nas demais provas pilotou no nível do inglês ou até mais, por ser mais inteligente, ter maior visão de corrida.

Em Spa, não teve a intenção de atingir Hamilton, mas foi inconsequente. Ser beneficiado foi uma coincidência, não um comportamento pre-estudado, como o de Mônaco. Há quem diga que o pai, Keke, está por trás dessas reações por vezes desmedidas. Keke não tem um grande conceito na F1. Joga pesado.

Valtteri Bottas – 10
3.º colocado, Williams-Mercedes
As oportunidades para grandes resultados, na grande maioria das vezes, são criadas pelos pilotos, não caem do céu. Mesmo indo tenazmente atrás, consciente de todos os fatores que podem levar a uma conquista, são difíceis. Há ocasiões em que é preciso refletir profundamente por quais razões as coisas não saíram como o desejado e, principalmente, possível.

Bottas pratica o ensinamento à risca. Quando entende a necessidade de mudar algo, não hesita.

Sabia que tinha carro para ser terceiro, atrás da Mercedes e Red Bull, mais rápidas que a Williams em Spa, e foi o que fez. Com brilhantismo.

Administrou o começo da corrida, entendeu como se posicionar, sem errar, mantendo o ritmo máximo do modelo FW36-Mercedes, e a quatro voltas da bandeirada ultrapassou o compatriota Kimi Raikkonen, da Ferrari, para assumir o terceiro lugar e subir ao pódio pela quarta vez nas últimas cinco corridas.

Não é à toa que está sendo cogitado pela McLaren, por enquanto.

Kimi Raikkonen – 9
4.º colocado, Ferrari
Finalmente um grande trabalho do campeão do mundo de 2007. O modelo F14T da Ferrari se mostrou mais veloz e equilibrado em Spa, há grande identificação de Raikkonen com o traçado, pois já venceu lá quatro vezes, e esteve sempre entre os candidatos ao pódio.

O grande problema do finlandês, este ano, é dispor de um monoposto que sai de frente, algo que pune seu estilo, como explicou ainda na Hungria. No caso do GP da Bélgica, foi inequívoca a maior adaptação do F14T aos 7.004 metros da pista, mas também mostrou que quando Raikkonen quer, ou seja, não faz apenas o trivial, diante de o carro não lhe agradar, pode obter mais para si e a Ferrari.

Sebastian Vettel – 6
5.º colocado, Red Bull-Renault
Reclama da unidade motriz, mas é a mesma de Ricciardo, a temporada toda. O sucesso de Ricciardo parece começar a desestabilizá-lo. É embaraçante ver o companheiro ganhar três corridas e ele, nenhuma, tendo vindo de quatro títulos mundiais. Agora já são 12 etapas das 19 (63%) do ano, a média dos resultados tem representatividade.

Vettel não correu com a mesma velocidade e lucidez de Ricciardo em Spa, como tem acontecido na maior parte das provas até aqui. Há cerca de dez dias o UOL Esporte F1 colocou no ar uma reportagem grande, com a opinião de vários profissionais da F1, sobre as dificuldades de Vettel.

A maioria acredita que em 2015, possivelmente com um carro mais apropriado ao seu estilo, preciso e sempre disposto a buscar o limite, desde que o monoposto seja equilibrado, deverá equiparar seu desempenho ao de Ricciardo ou, quem sabe, superá-lo.

Pela lei das probabilidades, são reduzidas as de Vettel desejar experimentar outros ares, deixar a Red Bull. Primeiro tem contrato. E o ano que vem haverá, possivelmente, maior competitividade entre as equipes. A Renault deve disponibilizar uma unidade motriz melhor.

Mas veja como são as coisas, não é de se excluir a chance de Vettel não querer mais confrontar seu trabalho com Ricciardo e existir um acordo entre Christian Horner, para liberá-lo, e Ron Dennis, aceitá-lo na McLaren-Honda. Não ignore essa muda de planta. Deixe-a num cantinho bem suprido de ar fresco, água e luz. Pode crescer.

Jenson Button – 6
6.º colocado, McLaren-Mercedes
Disputou boa prova. Mas fez bem menos que Kevin Magnussen, o companheiro. Não lutou arduamente pelas posições como o dinamarquês, quem se aproximava passava. Não era o caso de não deixar espaço como fez Magnussen com Alonso e foi punido, porém resistir um pouco mais é o que se espera do piloto mais experiente do grid.

Fernando Alonso – 6
7.º colocado, Ferrari
Viu como Raikkonen pode ser rápido quando tem um bom carro na mão, gosta do traçado e está interessado na corrida. Ficou no ar a sensação de que desta vez a Ferrari permitiria a Alonso fazer mais, como provou o finlandês.

Reclamou do comportamento de Magnussen. Mas a não ser pela manobra em que foi punido, por mandar Alonso para a grama, nas demais o dinamarquês estava apenas defendendo-se legalmente do ataque.

Sergio Perez – 6
8.º colocado, Force India-Mercedes
A equipe ficou para trás no desenvolvimento do carro. Perez tirou o máximo permitido. Esperava-se muito mais da Force India em Spa, como também se espera da próxima etapa, em Monza, por conta de as velocidades de Perez e Nico Hulkenberg estarem dentre as melhores da F1. Ao menos na Bélgica não deu resultado.

Daniel Kvyat – 7
9.º colocado, Toro Rosso-Renault
No ano passado disputou corrida sensacional na GP3, em Spa. Este ano, na F1, andou o que o modelo STR9-Ferrari permitia. O jovem russo é talentoso. Na hipótese pouco provável, mas não impossível de Vettel não querer mais correr ao lado de Ricciardo, e aceitar o convite da McLaren-Honda, Kvyat tem boas chances de ser o companheiro do australiano em 2015.

Nico Hulkenberg – 5
10.º colocado, Force India-Mercedes
Está certo que o modelo VJM07-Mercedes está perdendo, por larga margem, a concorrência para a Ferrari e Red Bull no seu desenvolvimento. E Hulkenberg parece seguir a mesma trajetória. Disse ter enfrentado problemas na corrida com o flap móvel (DRS), e como largou em 18.º, num erro também seu, não apenas da equipe, na corrida disse não ter como ultrapassar. Não é, nesse momento, o piloto que impressionava a todos nos últimos anos.

Felipe Massa – 5
13.º colocado, Williams-Mercedes
O que preocupa os que desejam o bem de Massa é ouvir que não tem de mudar nada para ser mais eficiente nessa volta da F1, depois das férias. Como se as dificuldades que enfrentou fossem todas obra apenas das circunstâncias, ele não tivesse responsabilidade alguma. Houve ocasiões, sim, como em Silverstone e Melbourne, mas foram vários os erros por culpa sua.

É uma postura equivocada. É eximir-se de qualquer obrigação de resultado diante do que Bottas tem demonstrado com o mesmo carro. O primeiro passo para solucionar problemas é tomar consciência da sua existência, reconhecê-los. Massa, no entanto, tem certeza de que tudo o que lhe acontece tem uma causa externa a si. Enquanto talvez a realidade seja oposta.

O problema de Spa foi real, a assimetria aerodinâmica provocada pelo pedaço de borracha no assoalho reduziu a capacidade de o FW36-Mercedes produzir pressão aerodinâmica, não há quem duvide. É um fato.

Mas essas coisas, e as várias deste ano, parecem acontecer apenas para quem não mantém um estado de vigília máximo o tempo todo, o foco em toda ação, mesmo as mais simples. Ocorrem para quem não planeja em detalhes cada passo no fim de semana. E estuda o que se passou por não sair conforme poderia. Entender as causas e visualizar a sua parte de responsabilidade. Sem isso, não há saída na F1.

Contar apenas com a experiência, importante, lógico, não é suficiente. É preciso não apenas qualificar o que deu errado, mas quantificar também. E ser rígido consigo próprio no cumprimento de cada uma das metas estabelecidas para o fim de semana, treino a treino, dentro de um grande objetivo maior.

Para isso, contudo, é necessário por vezes deixar de lado a cômoda posição de que sei quase tudo, talvez até inconsciente, e investir duramente na identificação do porquê não está saindo como deseja e Bottas está provando ser possível.


Rosberg merecia ser punido
Comentários Comente

Livio Oricchio

24/VIII/14

Spa, Bélgica

Kevin Magnussen, da McLaren-Mercedes, foi punido com a adição de 20 segundos ao seu tempo de corrida e, com isso, caiu do sexto para o 12.º lugar no GP da Bélgica, disputado neste domingo no Circuito Spa-Francorchamps.

Mas quem cometeu a maior infração do fim de semana passou impune pelos comissários desportivos da 12.ª etapa do campeonato, Nico Rosberg, da Mercedes, segundo colocado, na vitória do eficientíssimo Daniel Ricciardo, da Red Bull.

Por não ter deixado espaço a Fernando Alonso, da Ferrari, nas curvas 4 e 5, quando duelavam pelo quinto lugar na 42.ª volta, de um total de 44, Magnussen recebeu os segundos equivalentes a se cumprisse um drive through.

Mas o que mais chamou a atenção no quesito disciplina dos pilotos na Bélgica foi o fato de o acidente entre Rosberg e seu companheiro de Mercedes, Lewis Hamilton, na segunda volta, sequer entrar na pauta das discussões entre os comissários.

Poderiam até interpretar que Rosberg não foi culpado por tocar o aerofólio dianteiro no pneu traseiro esquerdo de Hamilton, comprometendo totalmente a possibilidade de o inglês marcar pontos, e ambos disputam o título mundial, mas ao menos investigassem se Rosberg poderia evitar ou não o acidente. Como é o critério atual dos comissários.

A decisão dos quatro comissários desportivos em Spa ficou ainda mais desgastada quando Hamilton, no início da noite, depois da reunião com a direção da Mercedes, para discutir a batida que custou a vitória à equipe, afirmou que Rosberg reconheceu que poderia ter evitado o choque.

Os comissários do GP da Bélgica foram o experiente ex-piloto italiano Emanuele Pirro, vencedor das 24 Horas de Le Mans, o alemão Gerd Ennser, o belga Yves Bacquelaine e o venezuelano Enzo Spano.

Em Mônaco, Rosberg simulou um acidente na curva Mirabeau, no fim da classificação, e diante da exposição da bandeira amarela naquele setor da pista ninguém pôde melhorar seu tempo, garantindo ao alemão a pole position, que se mostrou decisiva para vencer a corrida no dia seguinte.

Não houve como provar ter sido uma ação deliberada, como a grande maioria na F1 acredita, e Rosberg saiu impune. Hamilton afirmou de forma clara: ''Nico fez de propósito''.

Neste domingo, no Circuito Spa-Francorchamps, mais uma vez Hamilton foi prejudicado profundamente, agora pelo acidente com Rosberg. É bem provável que, diferentemente do GP de Mônaco, o alemão não agisse de caso pensado para atingir o duro concorrente na luta pelo título, mas ao admitir que não fez questão de não tocar no pneu de Hamilton, de novo fica caracterizada sua intenção de ser privilegiado com o incidente.

Hamilton disse no paddock de Spa que quem duvidasse de que Rosberg reconheceu não ter evitado o acidente, e poderia, que perguntasse a quem estava na reunião da equipe, como Toto Wolff, diretor geral, Paddy Lowe, diretor técnico, e Niki Lauda, diretor também.

Além das medidas disciplinares internas na Mercedes, faria todo sentido Rosberg ter sido punido pelo choque com Hamilton na segunda volta da corrida. Ali, na hora. Por muito menos inúmeros pilotos foram punidos durante as provas com um drive through ou mesmo um stop and go e até a perda de posições no grid na etapa seguinte.

Rosberg demonstrou este ano ser um piloto mais completo que muitos imaginavam até dispor de um carro vencedor nas mãos. Disputa temporada extraordinária, com quatro vitórias e dez pódios em 12 corridas. Mesmo sem o talento raro de Hamilton, é capaz, determinado e trabalhador a ponto de, como diz Lauda, no fim, obter os mesmos resultados.

Mas em Mônaco foi desonesto e neste domingo, em Spa, não pensou duas vezes diante da possibilidade de ver o adversário ser prejudicado. É um comportamento que não combina com a lisura de sua conduta na pista nas demais provas, além da velocidade e impressionante regularidade.

Mancha sua temporada notável!

Agora, lamentável é o grupo de comissários não ter sido coerente e no mínimo julgar o comportamento de Rosberg no acidente com Hamilton. Rosberg não merecia os 18 pontos que somou. E muito menos Hamilton sair de mãos abanando e ver o concorrente abrir perigosos 29 pontos de diferença (220 a 191). Os comissários, que poderiam mudar isso e tornar a disputa pelo título mais justa, inexplicavelmente não agiram.


Ótimo domingo dos brasileiros na GP2 em Spa
Comentários Comente

Livio Oricchio

24/VIII/14

Spa, Bélgica

Se o resultado da corrida do sábado já foi bom para os pilotos brasileiros no GP da Bélgica da GP2, o deste domingo, com asfalto seco, mereceu celebração ainda maior. Felipe Nasr, da Carlin, realizou largada espetacular e pulou da quinta colocação no grid à primeira antes ainda da primeira curva, La Source. E na liderança permaneceu até a bandeirada, na 18.ª volta.

''Vencer neste circuito especial tem um gosto diferente. Sempre quis ganhar aqui, mas acabava batendo na trave. Desta vez consegui'', disse Nasr, que completou 22 anos quinta-feira. ''Quero chegar à F1 e tenho demonstrado estar preparado.'' Ele é o terceiro piloto da Williams-Mercedes.

André Negrão, da Arden, largou em nono e acabou em oitavo, marcando pontos pela segunda vez da competitiva GP2. ''Eu larguei muito bem, ao saltar de nono para quinto'', disse Negrão.

Mas aí sua falta de experiência nesse tipo de competição, uma certa inconstância, ainda, e as dores na coluna que nas voltas finais se manifestam, perdeu algum rendimento. Seu problema ortopédico será solucionado no fim do campeonato, com uma cirurgia.

Largar entre os dez primeiros é essencial na GP2 para obter melhores resultados. Negrão sentiu isso na pele no fim de semana em Spa. ''Não tem os malucos lá de trás, tentando te passar de qualquer jeito, no grupo da frente o pessoal te respeita mais.''

A meta mais imediata de Negrão é tentar explorar melhor os pneus Pirelli, semelhantes aos da F1, nas definições do grid, largar mais à frente nas provas e marcar pontos com regularidade, agora. ''A fase inicial de aprendizado da GP2 já passou.''

Com a vitória da segunda prova da GP2 no Circuito Spa-Francorchamps, a quarta no campeonato, Nasr chegou a 178 pontos. O líder é o inglês Jolyon Palmer, da DAMS, terceiro hoje, com 210. O segundo colocado foi o venezuelano Johnny Cecotto, da Trident, quarto no campeonato, com 127 pontos.

Restam para o fim da temporada três etapas, seis corridas, em Monza, na Itália, dias 6 e 7, e depois em Sochi, na Russia, 11 e 12 de outubro, e Abu Dabi, 22 e 23 de novembro.


Ótima corrida dos brasileiros na GP2 em Spa
Comentários Comente

Livio Oricchio

23/VIII/14

 

Spa, Bélgica

 

Se na definição do grid da GP2, ontem, os dois pilotos brasileiros não tiveram o que festejar, neste sábado, no Circuito Spa-Francorchamps, tanto Felipe Nasr, da Carlin, quanto André Negrão, Arden, estavam bastante satisfeitos com o resultado da primeira corrida do fim de semana. Nasr largou em 11.º e terminou em quarto, e Negrão saiu da 24.ª posição no grid para receber a bandeirada em nono, marcando seus primeiros pontos na GP2.

 

O vencedor foi o italiano Raffaele Marciello, da Racing, seguido pelo belga Stoffel Vandoorne, da ART, e do venezuelano Johnny Cecotto, da Trident.

 

''Tive problemas nos freios na definição do grid e não pude ir além do 11.º lugar. Mas hoje, com chuva, largar lá atrás, fazer um pit stop bem lento e marcar mais pontos que meu concorrente ao título, que largou na minha frente, representa um bom começo de fim de semana'', disse Nasr.

 

Ele se referia ao líder do campeonato, o inglês Jolyon Palmer, da DAMS, que era o segundo no grid e obteve apenas o sexto lugar. Enquanto Nasr somou 12 pontos e chegou a 161, Palmer recebeu 8 e tem, agora, 200. Depois da segunda corrida da GP2, amanhã, restarão seis provas nas três etapas que faltam, Itália, Rússia e Abu Dabi, todas junto da F1.

 

Negrão e a Arden celebraram o resultado. Em outras ocasiões o piloto de Campinas esteve perto de marcar pontos, mas sua falta de experiência com os pneus Pirelli, concebidos para apresentar vida útil limitada, o fazia perder muito rendimento no terço final das corridas. Com chuva, como em Spa e na primeira prova de Hockenheim, Negrão mostrou performance muito distinta da com pista seca. Esteve entre os primeiros.

 

''Larguei em 25.º, na primeira volta passei uns dez carros e terminei em nono, marquei dois pontos, é ótimo, claro, mas daria para ter conseguido mais se tivéssemos parado para a troca de pneus umas três voltas mais tarde'', disse Negrão. A equipe o chamou para os boxes na 11.ª volta de um total de 25, quando era o 12.º.

 

Logo ao fim da primeira volta a chuva tornou-se tão intensa que a direção de prova interrompeu a corrida. Na relargada havia menos água. Mantendo o bom ritmo do início, Negrão chegou a ocupar o oitavo lugar, o que lhe daria a oportunidade de largar em primeiro na prova de amanhã. Na GP2 o grid da segunda corrida é formado com a inversão dos oito primeiros na prova do sábado.

 

''Mas eu já estava sem pneus, por isso o alemão Daniel ABT, da Hilmer, me passou. O sexto lugar era realístico, com um pneus menos desgastados, pois o Palmer estava apenas dois segundos na minha frente'', explicou Negrão. Foram os primeiros pontos da Arden este ano.

 

A largada da segunda prova do GP da Bélgica da GP2, amanhã, será às 5h35, de Brasília. Terá 18 voltas do seletivo traçado de 7.004 metros. Nasr largará em quinto e Negrão, em nono.


Brasileiros têm dia difícil na GP2, em Spa
Comentários Comente

Livio Oricchio

22/VIII/14

Spa

Felipe Nars, da equipe Carlin, e Andre Negrão, Arden, os dois pilotos brasileiros na GP2, principal categoria de acesso à F1, tiveram um dia bem difícil nesta sexta-feira no circuito Spa-Francorchamps, na definição do grid da primeira corrida da GP2, na Bélgica.

Com problemas nos freios, Nasr ficou apenas com o 11.º tempo na sessão de classificação, enquanto Negrão, preso no tráfego, perdeu a melhor volta do pneu novo. Estabeleceu o 20.º tempo, mas como na segunda prova na etapa de Budapeste, dia 27, foi considerado culpado pelo acidente com o inglês Simon Trummer, da Rapax, recebeu cinco posições a mais no grid em Spa.

Assim, Negrão largará em 25.º, na frente apenas do japonês Takuya Izawa, da ART, que por conta de não ter completado uma volta lançada na classificação será o último no grid.

O pole position é o piloto da casa, o belga Stoffel Vandoorne, da ART, vice-campeão da Fórmula Renault 3.5 em 2013, já da academia da McLaren. Ao seu lado, na primeira fila, larga o líder do campeonato, o inglês Jolyon Palmer, da DAMS, com 192 pontos. Nasr está em segundo, com 149, e Vandoorne, terceiro, 109. Negrão não marcou pontos da temporada.

''Os mecânicos vão trocar todo o sistema de freios. Não sabemos ainda o que é. Na telemetria, enquanto o meu companheiro (o colombiano Julian Leal) conseguia parar o carro o meu seguia reto nas frenagens'', disse Nasr. A previsão de chuva para a primeira corrida, amanhã, o anima. ''Gosto de correr no molhado, teria mais chances.''

Os pilotos têm dois jogos de pneus na sessão de classificação. ''Com o primeiro, na melhor volta do pneu peguei a bandeira amarela e a perdi. Com o segundo jogo, abri a volta e o Nasr estava bem mais lento na minha frente na Eau Rouge, obrigando-me a reduzir a velocidade'', disse Negrão. ''De qualquer forma, acredito que hoje não conseguiria mais do que o 15.º lugar.''

A possibilidade de chover amanhã também o enche de esperança de poder marcar pontos em Spa. Em Hockenheim, sob chuva, Negrão realizou várias ultrapassagens, chegou a ocupar o terceiro lugar e, com a parada dos dois primeiros para troca dos pneus, Negrão liderou a prova. A pista secou e caiu para 18.º.

''Gosto da chuva, mas largando da última fila será um desafio não se envolver num acidente.'' A visibilidade, explicou, fica extremamente prejudicada.

A largada da corrida da GP2, amanhã, será às 15h40, depois da classificação da F1, o que corresponde às 10h40 de Brasília. Serão 25 voltas ou uma hora de competição.


Do extremo profissionalismo ao extremo amadorismo
Comentários Comente

Livio Oricchio

22/VIII/14

Spa, Bélgica

A F1 é, em geral, um mundo ultraprofissional. Mas, curiosamente, tem seus momentos de elevado amadorismo, como é o caso, neste fim de semana no circuito Spa-Francorchamps, da definição do companheiro de Jules Bianchi na Marussia.

Primeiro a equipe anunciou, quinta-feira, que o norte-americano Alexander Rossi substituiria o inglês Max Chilton na 12.ª etapa do campeonato, o GP da Bélgica. Chilton, na tentativa de reduzir o desgaste da sua imagem, afirmou que estava deliberadamente colaborando com o time, ao ceder seu lugar a Rossi.

Mas nesta sexta-feira, menos de 24 horas depois do anúncio da Marussia e da suposta demonstração de desprendimento de Chilton, a mesma equipe distribuiu comunicado para informar que Chilton seria o seu piloto em Spa-Francorchamps.

Haja vista que no treino livre da manhã Rossi treinou com o carro da Marussia é à tarde foi a vez de Chilton. Pela manhã Rossi estabeleceu o 20.º tempo, a 1 segundo e 450 milésimos de Bianchi, 19.º. À tarde, Chilton ficou em 18.º, a 1 segundo e 264 milésimos de Bianchi, 16.º.

O ''espetáculo'' que a F1 tem oferecido em Spa lembrou as competições de kart indoor entre grupos de amigos que, de repente, decidem tirar um racha final e cada grupo escolhe os seus melhores pilotos para a prova. ''Vai você, João'', diz um. O outro responde: ''Não, não, você é melhor, Carlos, mais rápido, vai você''.

O UOL Esporte viu Bernie Ecclestone no paddock da pista belga e o máximo que conseguiu do principal dirigente do espetáculo foi um gesto típico com as mãos, como quem não deseja nem pensar no tema, certamente incomodado com o fato de a Marussia ter agido como se a F1 fosse uma brincadeira de colegas de trabalho.

Já na terça-feira a direção da Caterham deixou os fãs da F1 sem saber o que pensar ao divulgar que o alemão Andre Lotterer, de 32 anos, iria substituir o japonês Kamui Kobayashi no GP da Bélgica. Ele é um ídolo no Japão. Todos os consideram o melhor japonês que já competiu na F1. E foram os 2 milhões de dólares que os fãs arrecadaram que o levaram a assinar com a Caterham, este ano.

Ninguém diz nada tanto na Caterham quanto na Marussia sobre as mudanças de pilotos, o que reforça o amadorismo de como esse processo está sendo conduzido e, com certeza, desagradou bastante os interessados pelo evento e Ecclestone. O diretor da Marussia, Graeme Lowdon, limitou-se a dizer: ''O que aconteceu é o resultado na mudança das condições''.

O que se comenta no paddock é que por Chilton estar com os pagamentos atrasados com a Marussia, e Rossi tinha um patrocinador pronto para investir, a direção da Marussia, recorrendo ao que está escrito no contrato de Chilton, o substituiu por Rossi.

Mas também de acordo com os rumores no autódromo, o piloto inglês teria realizado o pagamento e, dessa forma, a Marussia teve de cumprir o contrato com Chilton. Como os anúncios, em escala mundial, pelo visto significam pouco para os responsáveis pelo time, fica o dito pelo não dito e o não dito pelo dito.

E quem recebe o impacto maior de tamanho amadorismo é a F1, cuja imagem já anda um tanto combalida com a mudança radical do regulamento este ano, pois mais desagradou a torcida do que aumentou o seu interesse pela competição.

Nesse momento, fim das duas primeiras sessões livres do GP da Bélgica, Chilton vai participar amanhã no terceiro treino livre. Mas o histórico do fim de semana sugere cautela. Como a FIA parece não impor limites para essas alterações de última hora, demonstrando o seu lado amador também, a Marussia pode alegar ''motivo de força maior'' e de repente voltar com Rossi.

O regulamento diz ser possível um piloto iniciar o GP no primeiro treino livre e depois outro o substituir. Como ocorre com frequência. Mas se o time alegar que um dos seus pilotos não tem condição física de seguir no evento, caracterizando o chamado ''motivo de força maior'', existe a possibilidade de nova troca.