Livio Oricchio

Hamilton está de volta. E ao que parece por inteiro.

Livio Oricchio

Wood Burcote, Inglaterra, 6 de julho de 2014

Pela lei das probabilidades, as chances de Nico Rosberg experimentar alguma dificuldade para chegar no pódio estavam crescendo bastante. Afinal, obteve oito pódios nas oito primeiras etapas do campeonato, sendo três vitórias e cinco segundas colocações.

Isso tudo numa temporada em que há uma mudança radical do regulamento e a ainda pouca confiabilidade do equipamento tem feito várias pilotos abandonarem as corridas. Dentre eles, o próprio companheiro de Rosberg, o inglês Lewis Hamilton. Com o mesmo carro, atendido pela mesma equipe, Mercedes.

Hamilton não conclui o GP da Austrália, abertura do calendário, por um problema elétrico. No Canadá, superaquecimento dos freios, embora tivesse responsabilidade nisso. Nico passou imune até agora. Ou melhor até ontem, porque neste domingo foi a sua vez de o acaso o atingir.

E de forma surpreendente. De novo pela lei das probabilidades, aos menos esse tipo de pane teria uma chance extremamente reduzida de se manifestar: quebra mecânica do câmbio.

A estatística e o talento de Hamilton elevaram ainda mais o interesse por saber quem será o campeão do mundo de 2014. Rosberg soma os mesmos 165 pontos de antes e Hamilton tem agora 161, apenas 4 os separam. Em outras palavras, o Mundial pode ter novo líder já no GP da Alemanha, casa da Mercedes, dia 20.

Se Hamilton vencer e Rosberg for segundo, resultado altamente possível, por causa da superioridade da Mercedes, o campeão do mundo de 2008 volta ao primeiro lugar, perdido em Mônaco.

Mais importante que a vitória para Hamilton, hoje aqui em Silverstone, é o fato de resgatar seu controle emocional. Ao menos é o que se espera. Claramente se deixou atingir com o episódio de Mônaco em que Rosberg deliberadamente, na sua opinião, e na minha, provocou a bandeira amarela para ninguém lhe tirar a pole position.

E olha que sou sempre o último a acreditar nas teorias da conspiração. Mas no Principado ficou evidente demais para a maioria na F1. Mas como tudo que Rosberg faz, usou a inteligência e ninguém pôde provar nada.

Hamilton se abalou, o vejo de perto toda hora aqui no paddock. Levou consigo para Montreal a obrigação interna de voltar a ganhar de Rosberg e comprometeu seu trabalho, tendo de abandonar até, com os freios em chamas. Na Áustria, rodou sozinho na classificação.

Vocês precisavam ter visto sua expressão, ontem, depois de entender a besteira que fez ao não completar a volta final na classificação, fazendo-o largar em sexto. Pior: Rosberg na pole, diante dos ingleses, onde Hamilton pretendia reverter o mau momento. Era mais pressão para a sua cabeça que não é máximo em autogestão.

Por esses motivos que a vitória deste domingo representa mais que os 25 pontos, mas possivelmente a volta de um Hamilton mais estável à luta pela liderança do campeonato. Viu que Rosberg também é falível. Não importa se ele como piloto ou o seu equipamento.

Ótimo para nós que gostamos de F1 e desejamos assistir a uma segunda metade de temporada ainda mais emocionante. Apesar da dominação da Mercedes, temos visto provas maravilhosas, como a de hoje.

Nunca escondi ser fã número 1 do piloto Fernando Alonso. Vocês viram o que fez hoje aqui em Silverstone, como manteve Vettel atrás de si com um carro que era mais de um segundo mais lento, conforme ficou provado depois que perdeu o quinto lugar?

Terça-feira vou colocar no ar no UOL as notas e o comentário do porquê das notas aos pilotos no GP da Grã-Bretanha. Alonso já tem o meu 10. Silverstone é de longe o meu circuito favorito do Mundial, pela pista e o ambiente único. Spa e Suzuka pelo traçado também.
Mas Silverstone é para quem gosta, ama diria, automobilismo, como a maioria de nós que ocupamos este espaço. Há competição de tudo e o público tem um grau de consciência do que se passa único.

O segundo capítulo do Diário de Bordo ficou para amanhã, quando falarei mais do que é estar em Silverstone nos dias do GP da Grã-Bretanha.

Vou abrir o jogo: não consegui inserir as fotos no blog. Li o manual, é diferente do que eu usava, entrou em modo rascunho e não ia para o ar. Tenho certeza, pelo meu histórico, de que o problema sou eu.

Amanhã ligo lá de casa, em Nice, para o pessoal do UOL, eles me orientam e insiro as fotos no blog com as legendas e mais informações desse evento que recomendo, com energia, a todos que adoram esse negócio chamado corrida de carro. Agora vou jantar naquele restaurante que mencionei no primeiro capítulo do Diário de Bordo, o Rice Bowl, em Towcester.

Abraços, amigos!