Livio Oricchio

Alonso e Vettel admitem, no Japão, poder trocar de equipe

Livio Oricchio

02/X/14

São Paulo

O que mais me chamou a atenção nas respostas de Fernando Alonso e Sebastian Vettel, nesta quinta-feira em Suzuka, foi o fato de ambos não baterem o martelo para nada, ou seja, não confirmam que vão continuar na Ferrari e Red Bull, já em 2015, bem como não excluem a possibilidade de sair.

Considero a notícia muito boa, pois ainda há chances de uma mexida violenta na formação de pilotos e equipes no ano que vem, o que seria maravilhoso para os interesses da Fórmula 1. Já imaginaram Alonso na McLaren-Honda e Vettel na Ferrari, dentre outros arranjos possíveis? Se depender de torcida, podem contar com a minha.

O que me pareceu disso tudo é que há, com certeza, negociação em curso, de todos os lados. Não deveremos esperar muito tempo para conhecer o seu desfecho.

Se tivesse de opinar, hoje, diria que a minha impressão é de que Alonso deverá deixar a Ferrari. É uma visão distinta da que tinha até há algumas semanas. Preste atenção nisso: ''No final do dia você tem uma ideia em sua mente e na minha mente já está definido, provavelmente'', disse ele.

Como escrevi no texto anterior, se Alonso sair e seu destino for mesmo a McLaren-Honda, pois não penso que a Red Bull o colocará ao lado de Daniel Ricciardo, na hipótese de Vettel se transferir para a Ferrari, terá sido por incompatibilidade na relação com os novos homens fortes da escuderia, Marco Mattiacci e Sergio Marchionne, profissionais que trazem consigo a visão administrativa de empresa e não de equipe de Fórmula 1.

E Alonso os deixaria para demonstrar o quanto a Ferrari perde com sua saída. Eles parecem não ter consciência da importância de Alonso nos resultados do time nos últimos tempos. Essa é a leitura do espanhol, bem como a minha.

Mas me arrisco a afirmar que se Alonso for para a McLaren-Honda pagará pelos pecados no começo dos trabalhos. Depois, pela competência de todos, Alonso, Ron Dennis, de volta ao comando da McLaren, Eric Boullier, diretor, e claro os japoneses da Honda, o grupo vai avançar. Não será, porém, de cara que tudo vai funcionar. Seria surpreendente. E Alonso já tem 33 anos.

Repito: tudo isso partindo das premissas que Alonso deixará mesmo a Ferrari e vai se transferir para a McLaren-Honda. Troquei e-mails com amigos que estão em Suzuka, jornalistas muito bem informados das coisas da Ferrari, e eles me escreveram não saber, como eu, o que vai acontecer. Sei apenas o que gostaria: Alonso não na McLaren-Honda, mas na Red Bull, e Vettel na Ferrari. Mas penso que se o negócio sair Alonso vai para a McLaren-Honda.

Falando, agora, especificamente do GP do Japão. O duelo Sebastian Vettel x Daniel Ricciardo, em Suzuka, nos dará importantes elementos para compreender melhor a extensão da capacidade desse notável australiano, vencedor de três etapas, este ano, na estreia num time vencedor, Canadá, Hungria e Bélgica, lutando contra um tetracampeão do mundo.

Faz sentido acreditarmos que o modelo RB10-Renault da Red Bull será competitivo nos 5.807 metros de Suzuka. Não penso, porém, a ponto de desafiar o W05 Hybrid da Mercedes, do líder do Mundial, Lewis Hamilton, com 241 pontos e o vice, Nico Rosberg, 238.

O traçado japonês superevidencia a eficiência aerodinâmica. A unidade motriz da Renault da Red Bull ainda não está no nível da Mercedes, mas o chassi projetado por Adrian Newey para a Red Bull é talvez o melhor da temporada.

E há também a impressionante adaptação de Vettel à pista de Suzuka. Ok, o carro ajudava, mas não podemos tirar seus méritos. O alemão tem um retrospecto extraordinário no circuito que considero o mais seletivo do campeonato: de 2009 para cá, ou seja, em cinco edições do GP do Japão, venceu quatro, 2009, 2010, 2012 e 2013, e em 2011 terminou em terceiro. É arrasador.

Vamos ver, agora, como Ricciardo vai se sair enfrentando um adversário que sabe vencer como poucos os imensos e complexos desafios de Suzuka, estando com o mesmo carro. Até aqui, este ano, a vantagem tem sido quase sempre sua. Os números mostram melhor: Ricciardo somou 181 pontos, ocupa o terceiro lugar no Mundial, diante de 124 de Vettel, quinto.

Uma nova vitória de Ricciardo nessa disputa particular com Vettel, em especial na pista japonesa, nos dará ainda mais elementos para concluir se tratar de um superpiloto.

Hoje começam os treinos livres do GP do Japão, 15.º do calendário, a partir das 22 horas. Vou focalizar o meu interesse no menino Max Verstappen, da Toro Rosso-Renault, que anteontem completou 17 anos, e, obviamente, no desempenho de cada um, piloto e equipe, tendo em mente que é apenas de um treino livre, onde nem todos estão na mesma condição.

O clima pode ter um papel importante no andamento do GP do Japão. Há a possibilidade elevada de chuva. O circuito de Suzuka no molhado é ainda mais difícil e perigoso. Nos falamos amanhã.