Livio Oricchio

Hamilton tem boas chances de ampliar sua vantagem para Rosberg

Livio Oricchio

11/X/14

São Paulo

Num corrida de Fórmula 1, a rigor em toda competição, obviamente pode ocorrer de tudo, como o piloto errar, um adversário tocar seu carro ou mesmo o equipamento falhar, dentre outras possibilidades. No GP da Rússia, amanhã no Circuito de Sochi, apenas esses fatores externos tiram nova vitória de Lewis Hamilton, diante da hegemonia demonstrada ao estabelecer hoje a pole position, bem como nos treinos livres da 16.ª etapa do calendário. Hamilton vem de vencer na Itália, em Cingapura e no Japão.

Claro que existe uma ameaça próxima ao atual líder do campeonato, Hamilton, e vem do companheiro de Mercedes, Nico Rosberg, segundo no grid. O alemão manteve a liderança do Mundial a maior parte do tempo, este ano; a perdeu em Cingapura, depois de abandonar, e sabe que não será fácil retomá-la. ''Assim como aconteceu comigo de não marcar pontos numa prova pode acontecer com ele (Hamilton)'', disse Rosberg.

Hamilton soma 266 pontos e Rosberg, 256. Depois do GP da Rússia restarão as etapas de Austin, no Texas, dia 2 de novembro, São Paulo, 9, e o GP de Abu Dabi, nos Emirados Árabes Unidos, provavelmente local da definição do Mundial, dia 23 de novembro.

Velocidade por velocidade, o inglês de 29 anos, a mesma idade de Rosberg, é mais eficiente que o alemão. Haja vista que durante todo o fim de semana em Sochi, até agora, Hamilton foi mais veloz que Rosberg, em média 3 décimos de segundo, e bem mais que isso em relação a todos os demais. Se nada acontecer, há uma chance boa de Hamilton ampliar a diferença para Rosberg em Sochi.

Durante os 305 quilômetros de uma corrida, porém, uma série de elementos é selecionada além da velocidade. E no que se refere a visão global da prova, entendimento do que está sendo mais exigido em cada condição, Rosberg em geral é mais capaz que Hamilton. Essa maior ''inteligência'' do alemão o faz chegar na fase final da disputa muito próximo de Hamilton, seguramente mais talentoso, mas menos reflexivo a respeito da competição.

O modelo W05 Hybrid da Mercedes se mostrou veloz em todas as pistas do calendário e em Sochi quem deu indícios de poder segui-lo sem perder tanto tempo, se comparado aos demais adversários, foi o FW36-Mercedes da Williams de Valtteri Bottas e Felipe Massa. O finlandês começará o GP da Rússia em terceiro, com um tempo 407 milésimos pior que o de Hamilton. Massa, com problemas de pressão de combustível, não foi além do 18.º na definição do grid.

Realisticamente, o máximo que é possível esperar da Williams de Bottas amanhã, na corrida, é não se distanciar em demasia da dupla da Mercedes, Hamilton e Rosberg, em condições normais de competição. Serão 53 voltas no traçado de 5.848 metros.

E de Massa o que se pode imaginar é que no caso de uma boa largada, sem se envolver em incidentes, poderá marcar bons pontos, mesmo largando lá atrás. A pista tem pontos de ultrapassagem e o carro da Williams em geral é o mais rápido mas retas.

Portanto, a lógica sugere que teremos o pelotão da Mercedes na frente, na sequência Bottas, e depois talvez uma luta entre a surpreendente McLaren-Mercedes, de Button, muito bem até agora em Sochi, quarto no grid, o cada vez melhor Daniil Kvyat, da Toro Rosso-Renault, piloto russo de apenas 20 anos, quinto, Daniel Ricciardo, da Red Bull-Renault, sexto, e a dupla da Ferrari, Fernando Alonso, sétimo, e Kimi Raikkonen, oitavo.

Em Cingapura foi possível imaginar que a corrida apresentaria luta intensa por várias colocações, de repente até entre os primeiros, mas o que se viu foi a Mercedes dominar de novo. Em Sochi, os treinos nos levam a crer que Hamilton, primeiro, Rosberg, depois, largam com grande vantagem. Mas por que não sermos surpreendidos como em Cingapura e o andamento da prova ser distinto do que os long runs, simulação de corrida, realizados pelos pilotos nos treinos livres sugerem? Não podemos descartar essa possibilidade.

Como a McLaren parece dispor de um carro competitivo no GP da Rússia, mesmo largando em 11.º, por ter perdido cinco posições decorrente da troca do câmbio, Kevin Magnussen pode crescer na classificação. É um dos pilotos mais aguerridos do grid. Tem apenas 21 anos.

A Ferrari não tem carro para chegar perto da Mercedes e da Williams. Mas o talento de Alonso pode levá-lo a disputar as colocações seguintes com Button, Kvyat e Ricciardo. Raikkonen até agora não demostrou ser capaz de tirar tanto do modelo F14T da Ferrari como Alonso.

A Pirelli levou para o Circuito de Sochi os pneus médios e os macios. O desgaste registrado tem sido pequeno. Mas ao longo das 53 voltas e com a temperatura do asfalto acima dos 40 graus, existe alguma apreensão em relação aos pneus dianteiros. Duas paradas são esperadas.

A largada do GP da Rússia será às 8 horas neste domingo, horário de Brasília.
FIM