Livio Oricchio

Nasr luta agora para ser vice na GP2. Negrão foi sexto em Sochi.

Livio Oricchio

11/X/14

São Paulo

Não deu para Felipe Nasr, jovem talentoso de Brasília de 22 anos. O inglês Jolyon Palmer, da equipe DAMS, venceu a primeira corrida da GP2 neste domingo, em Sochi, e conquistou o título de campeão. Nasr teve de cumprir drive through por passar do limite da pista numa ultrapassagem e terminou apenas em 17.º. André Negrão, em grande fase de ascensão, marcou pontos pela quinta vez consecutiva ao receber a bandeirada em sexto.

''Os comissários destruíram a minha corrida'', afirmou Nasr. No GP da Hungria o piloto da equipe Carlin já havia afirmado que ''há dois pesos e duas medidas'' na GP2. Nasr e Palmer duelaram em muitas provas da temporada. ''Meu balanço do campeonato é muito bom'', falou Nasr ao UOL. ''Venci quatro corridas, estabeleci pole, realizei incontáveis ultrapassagens, discordo de algumas decisões dos comissários, enfim, estive sempre entre os primeiros.''

Depois de 10 etapas, 19 provas, Palmer soma 256 pontos enquanto Nasr tem 190. Agora o brasiliense tem de se defender amanhã do ataque do belga Stoffel Vandoorne, da ART, vencedor da primeira corrida do GP da Rússia, que chegou a 180 pontos.

A GP2 é disputada em duas provas a cada etapa. Amanhã será realizada a segunda, com largada às 5h05. Com o critério de grid invertido dentre os oito primeiros, Nasr vai largar da 17.ª colocação, enquanto Vandoorne, na oitava. Negrão sai em terceiro.

Depois do veloz Vandoorne, primeiro colocado, hoje, vieram o neozelandês Mitch Evans, da Russian Time, em segundo, e o italiano Raffaele Marciello, da Racing, terceiro.

O início de campeonato de Negrão foi difícil, sem bons resultados, mas o piloto cresceu muito. Em Sochi largou em nono e terminou em sexto. Havia sido nono na primeira prova de Spa-Francorchamps, na Bélgica, oitavo na segunda, e quinto nas duas de Monza.

''Como em geral acontece, larguei bem, ganhei algumas posições e depois o Coletti (o monegasco Stefano Coletti, da Racing) me ultrapassou indo lá fora, na minha opinião de maneira irregular, mas é isso. Amanhã tenho outra oportunidade de somar bons pontos'', disse Negrão.

Como explicar que, de repente, esse campineiro de 22 anos passou a ser mais rápido e constante. ''A minha maior dificuldade foi me acostumar com os pneus. Aqui na GP2 são muito diferentes do que estava acostumado na Fórmula Renault 3.5.'' Os pneus Pirelli da GP2 também apresentam elevada degradação, como os da F1, para ir educando os pilotos.

''A equipe evoluiu o carro, eu evoluí na pilotagem, entendi melhor os pneus e minha meta é terminar o campeonato em 11.ª, estou na 14.ª colocação (27 pontos), hoje'', comenta Negrão. ''É bom, não ótimo. Você pode pensar, o Vandoorne também está no seu primeiro ano na GP2 e está lá na frente. Sem tirar seu mérito, mas é importante lembrar que ele tem todo apoio da McLaren e o Rafaelle conta com a ajuda da Ferrari. E eu não tenho nada disso.''

Enquanto o futuro de Negrão será conhecido até o fim do mês, o de Nasr vai demorar um pouco mais. ''Espero dentro de duas ou três semanas definir a equipe da GP2 que vou correr em 2015'', falou Negrão.

Já o sonho de Nasr é mais alto. ''Sinto-me completamente preparado para estrear na Fórmula 1. Como falei, disputei muito bom campeonato na GP2, fiz testes com o atual carro da Williams na Fórmula 1, farei mais dois, e sempre da mesma forma me saí bem.'' O brasiliense negocia com várias equipes da Fórmula 1 e tem mesmo chance de ser o segundo brasileiro no Mundial no ano que vem.